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domingo, 9 de setembro de 2007

O POLVO (14ª Parte)



Caros Amigos, pessoal dos terrenos e incendiários de escritórios,

Após bastante tempo de ausência, consegui, finalmente, recuperar o disco rígido do meu computador onde tenho toda a minha escrita sobre a escória Andrade e respectivos episódios de “O Polvo”. Espero que continuem a apreciar.


Continuação


”(...) Os agentes destacados para a investigação conheciam o terreno que pisavam e não estavam nada optimistas em relação às provas que poderiam vir a encontrar. Isto apesar de terem assistido a vários encontros e conversas que indiciavam a existência de actos corruptos. Um dia, resolveram seguir Reginaldo Teles e acabaram num bar de alternos perto do Marquês. No seu interior estavam dirigentes de um clube, em amena cavaqueira, e que tinham lá ido para se encontrar com um árbitro que lhes ia apitar o jogo da próxima jornada. O espectáculo estava a começar, e no meio da pista exibia-se um travesti com farta cabeleira longa encaracolada e um vestido coberto de lantejoulas vermelhas que lhe descia pelas pernas até ao tornozelo, abrindo uma enorme racha que se prolongava pela coxa esquerda. Cantava em play-back uma canção de Maria Betânia. O árbitro, sentado numa mesa próxima da pista, coçava a sua careca, enquanto alisava os poucos cabelos que lhe sobravam e que lhe cobriam apenas as têmporas. Levou o copo de whisky aos lábios e pousou-o quase de imediato para aplaudir a actuação do travesti. Quando lançou um olhar sobre a entrada viu surgir Reginaldo Teles. Uma das putas levantou-se com ligeireza e foi cumprimentá-lo, enquanto as outras a olhavam com inveja e diziam: -Se a Lisa sabe desta merda, vem aí e dá-lhe uma tareia que a fode. Reginaldo, sem perder o seu habitual fair-play, afastou a mulher e, quando ela se virou, mostrando um cu arrebitado e comprimido numas calças de licra, não resistiu a dar-lhe uma palmada, enquanto lhe dizia: -Tens o melhor cu da Europa. O árbitro assistiu a toda a cena e cumprimentou Reginaldo com um ligeiro aceno de cabeça. Os dirigentes ganharam coragem, levantaram-se e foram falar com o árbitro, que os conhecia e já esperava a investida. Após os cumprimentos tradicionais, o árbitro esperou pelo primeiro ataque, e logo que lhe referiram o jogo de domingo disse apenas: -Não percam tempo. Esses negócios não são tratados comigo. Se querem alguma coisa, falem com Reginaldo Teles. Ele chegou agora, falem com ele.Os agentes da PJ nem queriam acreditar no que ouviam. Estavam perto e escutaram a conversa. Esperaram pela reacção dos dirigentes, e estes, sem perderem tempo, pediram licença para se sentar na mesa de Reginaldo. Só ouviram Reginaldo dizer: -Apareçam amanhã para falarmos desse caso. Tinham voltado à estaca zero, quando julgavam que estava em perspectiva a flagrante que tanto desejavam. Era difícil arranjarem-se provas para deter Reginaldo e George Gomes. Eles rodeavam-se de cuidados dignos de grandes profissionais. O inspector que comandava a operação chegou a dizer: -Isto não vai ser fácil. Ou temos a sorte de os apanhar em flagrante, o que é tremendamente difícil, ou então temos de utilizar a táctica de Al Capone. -A táctica de Al Capone? -perguntou um dos agentes, sem entender muito bem oque o seu chefe queria dizer. -Eu explico. Toda a gente sabia que Al Capone era um gangster de primeira categoria. Matava, corrompia e só tinha negócios ilícitos, mas como ninguém podia provar nada, muitas vezes até passou por bom rapaz, negando descaradamente os seus crimes. Temos neste caso o exemplo disso mesmo. Todos temos a certeza que Galo da Costa e Reginaldo Teles estão envolvidos em casos de corrupção, mas como ninguém pode provar nada, quando alguém os acusa, ainda corre o risco de se transformar num difamador. Ao Al Capone meteram-no na cadeia por fuga aos impostos, e a estes só lhes podemos pegar pelo mesmo motivo, muito embora o sistema fiscal do nosso país não nos dê muita margem de manobra para isso. Doutra forma, só mesmo se um dos árbitros corruptos falar, e isso não é muito provável. A corrupção atingia quase todos os sectores do futebol, e não havia dúvidas de que existia uma organização perfeita por trás de toda esta situação.
Os mais altos dirigentes federativos recebiam luvas da Olivedesportivos para ultrapassar regulamentos, dar exclusivos sem concursos públicos ou marcar jogos seguindo as conveniências horárias da televisão. A PJ seguiu alguns desses dirigentes e verificou que estes no final de cada mês passavam pelos escritórios da Olivedesportivos e nunca ninguém acreditou que eles fossem apenas cumprimentar ou desejar um bom final de mês a Joaquinas Oliveira. Mas, apesar de toda esta evidência, de que algo de anormal se passava, e não haver dúvidas de que existia corrupção, não se conseguia prender ninguém. Quando existia mesmo a possibilidade de se poderem arranjar provas de um crime, elas eram imediatamente abafadas, sem ninguém saber como. Mas um jogador que foi contactado por George Gomes para facilitar um resultado fez questão de dar com a língua nos dentes e transformou o seu caso num escândalo nacional. Prometeu contar toda a verdade. Porém os casos caíam sempre na mão de quem sabia como lhes dar destino. Numa primeira abordagem, esse jogador teve medo de contar toda a verdade. Foram apontadas testemunhas para esse caso que poderiam ser o início da derrocada da organização, mas mais ninguém foi ouvido sobre essa questão. O processo desapareceu como o fumo, levando o caminho de tantos outros: arquivado por falta de provas. É que, quando elas existiam ou se perspectivava o testemunho dos factos, surgia logo uma misteriosa corrente no sentido de fazer as coisas caírem no esquecimento. O império resistiu ao movimento das catacumbas. A televisão gastava milhões em transmissões televisivas. O responsável por essas negociações comprou a dinheiro, misteriosamente, uma casa no valor de 50 mil contos. Todos sabiam que meses antes ele não tinha possibilidades de efectuar tal negócio. Era mais que evidente que estava a receber luvas da Olivedesportivos, mas ninguém lhe pediu contas. O descaramento era tal neste tipo de negócios, e a cobertura de tal forma forte, que a Olivedesportivos, uma empresa instalada num modesto T1, com dois empregados e uma mulher de limpeza, fazia frente e vencia as estações de televisão mais fortes em estruturas e com grande peso político e religioso. Fomentaram-se guerras, desmascaram-se situações, mas a organização tinha tal poder que nem sequer foi minimamente abalada. Ninguém compreendia aquele fenómeno. Um escudo invisível parecia proteger a coutada de GC. Por trás das outras empresas, havia gente com grande peso político, ex-ministros e até ex-primeiros-ministros, mas estas empresas esbarravam sempre no gnomo Joaquinas Oliveira, o tal que meia dúzia de anos antes era apenas o proprietário de um bar de alternos com putas ranhosas e que até as cuecas tinha penhoradas. A televisão era uma enorme fonte de receita. O segredo do negócio não residia, como se tentava fazer crer, na negociação da exclusividade das transmissões, mas no sistema camuflado de publicidade estática. Tudo isto formava uma teia bem tecida e organizada. Por seu lado, o irmão de Joaquinas Oliveira, quando deixou de jogar futebol, dedicou-se à actividade de treinador, mas apesar de todas as ligações comerciais com GC, nunca se deixou envolver pelo sistema. Treinou sempre clubes de pequena nomeada, e era evidente a sua grande capacidade de comando e leitura de jogo. Antónimo Oliveira era inteligente e conhecia como ninguém o futebol por dentro, mas nunca foi um grande amante do trabalho. Treinar um clube e ter de se levantar todos os dias de manhã para exercer essa actividade, ou radicar-se numa cidade pequena para poder laborar, nunca esteve nos seus horizontes, e daí o seu êxito não ter tido uma dimensão à altura do seu talento. A solução para o seu problema estava na selecção. Trabalhava de três em três meses, e como capacidade e talento eram coisas que não lhe faltavam, este era um emprego à sua medida(...)”.

Continua...

Nota: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que reconheces que, qualquer semelhança da tua diarreia mental com a realidade é pura coincidência. Fica-te bem, apesar de tudo, reconheceres públicamente que és um lérias merdoso mental. Mas se fosse a ti preocupava-me, 14 ocorrências de diarreia em tão pouco tempo podem ser sintoma de doença grave. Trata-te, que nós não queremos perder-te. Afinal és o nosso bobo predilecto, queremos que continues a fazer-nos rir.

MAD*MAX disse...

Parabéns Arrebumbas.
Estava ansioso pelo "regresso" d'Polvo.
Como sempre este poste e os outros ke se segiram vão ser descaradamente roubados e convinientemente postados no www.benfica-forum.com

A malta d'forum agradece e felicita o teu regresso!